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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Steven Pinker e a Linguagem

O psicolinguista norte americano Steven Pinker , em entrevista dada à Folha de São Paulo em 05/01/2007, tece comentários sobre o que ele concebe por “instinto” da linguagem.
Em resposta à pergunta sobre o que queria dizer com tal termo, Pinker diz que não se refere à capacidade de falar uma determinada língua como o inglês ou o francês, mas à capacidade inata da espécie humana de adquirir e utilizar a linguagem. O psicolinguista faz uma analogia às aranhas, cujas teias seriam sua habilidade inata, que por ser instinto, não dependeria do estímulo externo, do ensino, “seu cérebro de aranha é que lhes dá a pulsão de tecer e a competência para fazê-lo”.
De semelhante modo, uma criança de berçário já estaria apta a realizar a linguagem porque existiria “uma máquina de aprender”, um programa para a linguagem, que seria uma faculdade inata, que nos tornaria capazes de apreender estruturas e realizar operações linguísticas, o que Chomsky chama de Gramática Universal.
Ao ser indagado sobre o porquê de uma criança não nascer falando, o linguista advoga que o cérebro dos bebês não nascem prontos. E, o tempo necessário para isso seria 18 meses, idade com a qual as crianças começam a falar. Depois do nascimento, o cérebro da criança passa por “transformações” que aprimoraram desenvolvimento linguístico. O aprendizado dar-se-ia, então, com o compartilhamento do código, ou seja, a capacidade inata (GU) sincronizando-se à língua falada ao redor de si.
Segundo Pinker, ao ser perguntado sobre a gramática universal de Chomsky, ela consiste em uma estrutura subjacente a todas as línguas. Observa-se esse fenômeno nas crianças quando começam a falar. A G.U lhes permite falar mediante regras complexas da linguagem, sem, contudo, precisar repetir o que ouviu ao seu redor. Por isso a G.U processa e atualiza a língua criando um conhecimento inconsciente da linguagem.
Sobre a diversidade de línguas mesmo com a existência da GU, o linguista diz que embora haja diferenças entre essas línguas, as estruturas são semelhantes; a sintaxe, a fonologia, e parâmetros estruturais.
Além disso, haveria mais pontos em comum: o canal boca/ouvido na interação, que pressupõe a percepção – “um milagre biológico”. Uso de código lingüístico simétrico e arbitrário que convencionam as palavras. O uso de categorias de palavras que nomeiam e caracterizam, e dão noção de tempo também são particularidades das línguas, mesmo distintas.
Sobre as ligações da linguagem com o cérebro, Pinker alega que não é um estudo fácil por que não se pode utilizar ratos ou moscas como objeto de pesquisa. A maior informação seria advindas de estudos de pessoas com problemas neurológicos. Segundo ele, o aprendizado (da linguagem) corresponde a certos reforços da sinapse (conexões entre neurônios) .
Perguntado sobre se há existência de um gene da gramática, o linguista não afirma categoricamente a existência de gene da gramática. Diz, porém, que há, grandes problemas sobre a linguagem e sua gramática e estão relacionados a problemas genéticos, mas isso não suporia um gene específico para essa área da gramática e das regras da linguagem.

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